crédito foto: @alecruzphoto
“Young man. Why are you eating that fish?’ The young man says, ‘Because I love fish.’ He says, ‘Oh. You love the fish. That’s why you took it out of the water and killed it and boiled it.’ He says, ‘Don’t tell me you love the fish. You love yourself, and because the fish tastes good to you; therefore, you took it out of the water and killed it and boiled it.’ So much of what is love is fish love”.
Recentemente vi um vídeo do rabino Abraham Twerski brilhantemente explicando que muito do que hoje em dia se chama de amor é “fish love”. Segundo o rabino, muitos jovens se apaixonam por verem na pessoa “amada” um veículo para sua própria satisfação. Não nos apaixonamos pela pessoa em si, mas pelo conforto físico e emocional que ela nos proporciona.
Não se pode negar que o “fish love” é uma realidade, impulsionada pelo egoísmo e individualismo tão característicos da modernidade líquida. Tentamos absorver pessoas e coisas que nos fazem bem, que acrescentam bons momentos e despertam sentimentos. Estamos sempre focados em potencializar o nosso objeto de prazer.
O problema do “fish love” não está em pensarmos em nós mesmos. Amores que não nos acrescentam cores, sorrisos e uma certa calma na alma não são amores dignos de consideração. E aqui o pensamento obviamente não se limita ao relacionamento entre amantes. Estamos falando de todo e qualquer relacionamento interpessoal. Estar com alguém que não nos faz bem significa desperdiçar nosso precioso tempo, cercear nossa liberdade.
Qual é o problema do “fish love” então? O problema não está em pensarmos em nós mesmos, mas sim em só pensarmos em nós mesmos. O amor é uma troca: troca de experiências, vivências, projeções, sonhos, etc. Toda troca envolve os dois lados, pensar apenas em si mesmo é uma visão reducionista e unilateral que consiste em ver a pessoa, o outro, apenas como objeto do nosso próprio prazer.
O “fish love” só busca o lado bom do amor, e o amor, assim como a vida, não é feito apenas de coisas boas. Infelizmente, há atrito, obscuridade, pobreza, medo, dor, fome e uma série de outras coisas que constantemente queremos rechaçar da nossa vivência. Assim ocorre também em toda e qualquer interação.
O que não podemos esquecer é que o “fish love” é uma grande ilusão. Estar com alguém apenas porque aquela pessoa nos permite suprir as nossas necessidades físicas e emocionais é raso. Nada nem ninguém as suprirá senão nós mesmos. Viver de “fish love” significa abrir mão da nossa liberdade, liberdade essa que só se representa em amores não egoísticos. O outro seja ele um familiar, amigo ou amante, não deve servir como um copo de água em um momento de muita sede, mas sim como uma taça de vinho quando se ouve um bom jazz.