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A Era Kindle: O que terão nas estantes do futuro?

A leitura digital, o começo do fim dos livros físicos e o que isso impacta dentro e fora de mim.

Tudo começou porque recentemente me questionei sobre ter um Kindle: o e-reader da Amazon, aquele dispositivo relativamente acessível que cabe milhares de livros e tem o peso de uma borboleta. Pra quem nunca pegou em um, funciona bem assim: você escolhe um livro, lê a sinopse dele, pode até ler a avaliação de outros leitores. Curtiu? Pimba: ele aparece ali na sua frente, comprado e baixado, pronto pra ser lido. Uma revolução aos viajantes que carregavam 5kg só de livros. E uma tentação – como o açúcar para o diabético – para quem gosta muito de ler. 

Mas e os livros físicos? E as livrarias? O que serão deles daqui a 10, 15 anos? Será que meus netos só vão conhecê-los no museu? Ou será que tô exagerando? 

Lutei e relutei contra a minha tentação. Refleti sobre a minha decisão de evoluir para mais uma tela. Discuti com amigos. “Mas o que será das editoras?” – pensei nos meus amigos que ainda trabalham em várias delas, que sustentam suas famílias graças aos livros físicos que as pessoas ainda compram. Pensei em mim que, por anos, fui sustentada por esse ofício. Busquei matérias de leitores “raiz” para tentar ser convencida do contrário. “Mas por que diabos eu daria MAIS dinheiro pra Amazon se tem TANTA livraria precisando dessa grana?”. Entrava no site deles todos os dias. Colocava e tirava o Kindle do carrinho. Procurei quantos por cento os escritores ganham com essa brincadeira de digitalizar sua obra por lá e me arrependi. É de chorar. Melhor nem ter visto. 

Aí abri a minha lista de livros que tenho pra ler, que vou alimentando há anos e que, na verdade, só engorda: levei um susto. Estava enorme. Desses, quantos consegui ler ano passado? 5, 6? E ano retrasado? Provavelmente menos ainda. Se eu trabalho escrevendo, ler faz parte da minha profissão. É como o congresso para os médicos, é como o treino para os atletas. Não existe um bom escritor que não leia muito. Não existe escritor desinformado – assim como não existe escritor que não fique arrepiado com o cheiro de um livro novo em mãos.

(Quem não curte livros vai achar o próximo trecho estranho e talvez seja mesmo).

O processo de comprar um livro em uma livraria, pra mim, é bem ritualístico. Primeiro eu escolho o livro amado, leio a orelha dele. Até gosto da sinopse, mas paira uma dúvida no ar. Vejo o preço. Leio sobre o autor, sobre suas últimas obras, prêmios. Volto pra ver a capa, estudo as tangentes. Gosto do que vejo. Aí desperta aquela sensação de pertencimento, de que deu match, de que é ele. Tem uma certa palpitação envolvida e eu aproveito cada segundo desse micro instante de dúvida se ele já é meu ou ainda da livraria. Aí abro em qualquer página (e faço questão que seja bem no meio) e dou uma fungada profunda – que, com certeza, minha professora de Yoga jamais viu um Pranayama desses na aula e provavelmente não verá. A mágica está ali, naquele momento. O cheiro é nostálgico, traz paz, conforto. O peso tem história. A capa tem vida. Levar um livro pra casa e preencher a minha estante com mais uma história não é só sobre estética: é manter essa economia local girando e ser resistência.

Mas eu não resisti. Eu comprei um Kindle. E tô odiando estar apaixonada por ele. Em um mês de relacionamento eu já consegui quitar metade dos livros da minha lista de desejos que estava praticamente inerte e desesperançosa desde 2017. E não porque eu sou foda, mas sim porque o ritmo da leitura aumenta exponencialmente nesse pedaço de objeto ridículo e brilhante que te faz passar uma página com um toque. Ele é hermético, egoísta, quase um psicopata: não tem cheiro, expressões, não faz aquele barulho gostoso da página passando enquanto arrasta na sua blusa, não tem como emprestar o livro que você amou pra alguém, nem dá margem para a possibilidade de dedicatórias. Não tem história, só palavras. Não serve pra embrulhar pra presente – só pra futuro. Será que no futuro suas estantes serão recheadas de livros? Será que eles resistirão?

Eu não tô lá no futuro pra saber se os livros físicos resistirão. Provavelmente, sim, né? Serão como interfones, porta-retratos, carros de duas portas, moedas, roupas passadas, fumar cigarro – vai ter pouco, mas vai ter. Pessoas perderão empregos, mas acharão outros. Livrarias serão fechadas, mas se reinventarão. As coisas vão andar, é claro. Sempre andam. O que vai ficar desse mundo com livros físicos como uma opção vintage vai ser a nostalgia, a certeza e a melancolia que nas minhas estantes terão livros, sim, como não? Mas provavelmente serão todos antigos, como eu. 

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Um pouco de salada

Compre de livrarias de rua que ainda resistem em São Paulo. Elas precisam mais do nosso dinheiro e apoio que Jeff Bezoz, acredite. 

Livraria Simples
R. Rocha, 259 – Bela Vista, Centro. Tel. (11) 3443-9992.

Livraria da Travessa
R. dos Pinheiros, 513, Pinheiros, Zona Oeste. Tel. (11) 4550-9501.

Livraria da Vila
Rua Fradique Coutinho, 915, Pinheiros, Zona Oeste. WhatsApp: (11) 99539-0321
Av. Moema, 493, Moema, Zona Sul. WhatsApp: (11) 99539-0321

Zaccara
R. Cardoso de Almeida, 1.356, Perdizes, Zona Oeste. Tel. (11) 3384-0908. 

Taperá
Avenida São Luís, 187, 2º Andar, Galeria Metrópole, República (a 300 metros da estação República).

Banca Tatuí e Sala Tatuí
Rua Barão de Tatuí, 275 – Santa Cecília
Rua Barão de Tatuí, 302, sala 42 – Santa Cecília

Podcasts pra quem ama livros

451 MHz:  primeira e terceira sexta-feira do mês. O podcast para quem lê até com os ouvidos. Entrevistas sobre grandes livros e grandes autores.

Vinte Mil Léguas: segunda-feira. O podcast de divulgação científica da revista Quatro Cinco Um.

Além de cronista e colunista aqui no Desapegue, também relato viagens no Fuja Meu Amor e fiz uma matéria sobre Caraíva que você pode ler aqui pra programar sua viagem (spoiler: já vai malhando a panturrilha!).

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